Entrevista Revista Exame:
Como a Livraria Cultura tem investido em tecnologia para se reinventar?
Antes de detalhar tudo, precisamos falar das premissas por trás disso. A mais forte é que não precisamos mais da loja física para comprar nada. Está tudo no celular. Outra premissa muito básica é que não existe mais offline e online. O cliente está e é conectado. O desafio é descobrir como usamos a tecnologia digital para melhorar a vida do cliente e ser mais inteligente no ponto de venda. Não é mais aceitável que um cliente entre numa loja e saia de lá sem nenhum produto — é o que eu chamo de “show-rume”. As lojas físicas do varejo estão disputando o tempo livre das pessoas, que é o mais precioso, e, se o cliente escolheu a minha loja para passar seu tempo livre, ele não pode sair de lá com as mãos vazias. É preciso mudar a cabeça da empresa. Nós somos uma empresa tradicional, e temos um mundo novo pela frente. Mudar essa cabeça para pensar diferente é um desafio. O varejo ainda tem aquele trabalhozinho de como se fazia quando surgiu o comércio no mundo, na civilização moderna: eu gero um pedido aqui, meu fornecedor entrega. Nada mudou muito. Hoje, estamos tentando descobrir como usamos big data, machine learning e informação para sermos mais inteligentes.

Economia colaborativa ganha adeptos no Brasil

Economia do compartilhamento reúne pelo menos 14,5 milhões de manifestações positivas de consumidores brasileiros na internet
Mapeamento inédito feito pelo Movimento Cidade Colaborativa identificou 100 projetos de compartilhamento disponíveis na cidade de São Paulo. As ações foram reunidas no Guia São Paulo Cidade Colaborativa 2015 e organizadas em 10 categorias: cultura (15), mobilidade (13), consumo (11), serviços (10), trabalho e coworking (10), educação (9), meio ambiente (8), alimentação (6), moradia (5) e ONGs e poder público (13).
Cruzamento feito nos dias 24 e 25 de agosto entre cada um desses projetos e seus seguidores no Facebook, a maior rede social do país e do mundo, revela que, juntos, eles já são alvo de quase 15 milhões (14.568.505) de manifestações positivas – uma prova de que milhares de brasileiros aderiram, em algum grau, à chamada economia colaborativa. Esse é o número de pessoas e de curtidas registradas nas páginas dos 100 projetos que figuram no guia. Como a mesma pessoa pode ter curtido mais de um projeto (o que provavelmente ocorreu), não se pode precisar o número de adeptos. Mas é incontestável o viés de alta das ações e serviços colaborativos.
Dos 100 projetos, os campeões de apoio na rede – entre curtidas e seguidores – são: Geekie (3 milhões), Enjoei.com (2,5 milhões), Uber (2,4 milhões), Airbnb (2 milhões) e Wase (1,3 milhão). Juntos, eles somam 11,2 milhões de manifestações positivas.
De acordo com a Market Analysis, um a cada cinco brasileiros já ouviu falar de consumo colaborativo ou compartilhado. Esse percentual aumenta na proporção da renda e da escolaridade e chega a 42% na classe A.
Para mensurar a força nas redes sociais dos 100 projetos listados no guia, foram somados os números de seguidores e de likes de cada iniciativa. Comparado ao universo dos 38 milhões de brasileiros (usuários únicos) – que curtem pelo menos uma fanpage no Facebook (Social Bakers) –, o resultado é que os 100 projetos juntos representam 38,22% no universo dos brasileiros que curtem pelo menos uma página. Ou seja: os serviços baseados em colaboração têm espaço para crescer por meio das redes sociais. O crescimento desse setor, não apenas em São Paulo, mas em todo o mundo, está relacionado justamente à conectividade dos usuários dos serviços.
Para efeito de comparação entre o potencial de mobilização desses projetos (mensurados por meio do número de seguidores e de likes), considerou-se o universo dos 38 milhões de brasileiros (usuários únicos) que curtem pelo menos uma fanpage no Facebook, segundo o Social Bakers, provedor de dados e estatísticas da rede.
Serviços é a categoria que mais mobiliza atenções na rede social – os 10 projetos do setor listados no guia atraíram 3,7 milhões de manifestações positivas – 25,5% do total de likes e seguidores obtidos por todos os projetos do guia juntos. Para se ter ideia do poder de mobilização desse setor, seus likes e seguidores representam quase 10% de todo o universo dos 38 milhões de brasileiros (usuários únicos) que curtem pelo menos uma página do Facebook (Fonte: Social Bakers).
O guia e o site www.cidadecolaborativa.org são iniciativas do Movimento Cidade Colaborativa, que reúne o empreendedor Alexandre Frankel, do Guia Como Viver em São Paulo sem Carro, a agência GIG (Global Intelligence Group), a ESPM e o jornalista Leão Serva, entre outros parceiros. A pesquisa será lançada no dia 28 de agosto, às 9h20, na ESPM, durante o I Seminário Brasileiro de Economia do Compartilhamento, que reúne empreendedores de projetos baseados em compartilhamento, como Uber, Sampa Housing, Couchsurfing, Troca Perfume e outros.
“Nosso objetivo é criar um ponto de encontro colaborativo, reunindo em uma única plataforma projetos existentes em São Paulo e em todo o Brasil”, diz Alexandre Frankel, idealizador do Movimento Cidade Colaborativa.
A economia compartilhada tem crescido por conta da internet e do fortalecimento das redes sociais. As cifras geradas nos dias atuais ainda divergem entre as instituições por ser mais locais do que mundiais. A PWC afirma que, em 2015, a receita anual global do setor será de US$ 15 bilhões. De acordo com estimativas da mesma consultoria, em 2025 esse número saltará para US$ 335 bilhões.
“Essa nova forma de pensar e, principalmente, de viver o consumo, veio para ficar. Mas ainda não existia uma ferramenta que organizasse esses projetos”, afirma Flávio Azevedo, da agência GIG, uma das realizadoras do evento. “Queremos ser o Google da economia colaborativa”,  acrescenta, ressaltando que São Paulo é a principal incubadora desses projetos no Brasil e um dos principais polos criativos da América Latina.
Do perfume à furadeira
Os números do Guia São Paulo Cidade Colaborativa mostram que as iniciativas culturais, a mobilidade e o consumo são predominantes no mundo do compartilhamento em São Paulo. Mas já é possível identificar a expansão do setor para outras áreas, como meio ambiente, alimentação e moradia.
“Não faz mais sentido comprar artigos como furadeiras, escadas ou bombas de encher pneu. Muitos condomínios já oferecem equipamentos compartilhados aos seus moradores”, diz Frankel, do Cidade Colaborativa.
Entre as ações ligadas à cultura, é possível notar uma tendência de democratização da arte. Projetos como Matilha Cultural e Parada do Livro, por exemplo, viabilizam desde a exibição de filmes em locais públicos até a troca de livros em pontos de ônibus. Outros, como o Instituto Choque Cultural e o Garapa, servem como espaços de criação coletiva, um movimento que vem ganhando cada vez mais espaço na cena cultural de São Paulo.
Mundo pequeno
O setor do trabalho é outro que passa por transformações profundas, potencializadas pelas novas tecnologias e pelo compartilhamento. São empresas sem sede física que contam com colaboradores nos quatro cantos do mundo conectados e cumprindo metas globais. Há os coworks – que vão de galpões colaborativos a ofertas comerciais –, que fortalecem parcerias profissionais capazes de gerar bons negócios. Há empresas especializadas em conectar projetos a investidores, como a ProjectHub e a ImpactHub, ambas listadas no guia.
A colaboração também vem se expandindo no segmento de moradia e hospedagem, além da plataforma já consolidada do Airbnb. Hoje existem em São Paulo inúmeras opções de hospedagem que fogem da estrutura tradicional – os viajantes dispõem do Couchsurfing, voltado aos mochileiros, e do Sampa Housing, que disponibiliza apartamentos mobiliados em bairros nobres da cidade.
Os dados da pesquisa mostram ainda que a economia colaborativa vem adquirindo musculatura no segmento de mobilidade – a polêmica recente em torno do funcionamento do Uber no Brasil é um exemplo disso. À margem do imbróglio envolvendo os taxistas, serviços como Fleety, de compartilhamento de carros, ou Bike Sampa, de empréstimo de bicicletas, têm se mostrado alternativas cada vez mais utilizadas pelos paulistanos.
Para o professor da FEA-USP Ricardo Abramovay, apesar do calor das discussões envolvendo alguns setores do compartilhamento, esse tipo de serviço, no mundo e no Brasil, é uma tendência irreversível e sua regulação terá que passar pelo consumidor. Abramovay afirma que os serviços compartilhados enfrentarão no Brasil alguns desafios específicos. Um deles é a falta de tradição em inovar.
“O Brasil é um país extremamente burocrático e tem dificuldade de entender e aceitar inovações”, afirma Abramovay. Outro aspecto, diz ele, é a violência urbana. Como exemplo cita a proliferação dos condomínios residenciais que oferecem diversas opções de lazer e muita segurança aos moradores. Muros altos, diz ele, só agravam o problema. Por isso, a importância da ocupação dos espaços públicos da cidade por seus moradores – seja por meio projeto das bikes, dos parklets ou dos espetáculos em praça pública.
Link: http://empreendedor.com.br/noticia/economia-colaborativa-ganha-adeptos-no-brasil/

Miguel Feyo fala sobre atualização do conhecimento

Carreira & Finanças

Atualizar é preciso

06/11/08
Pós, MBA e network: conheça os melhores caminhos para alcançar o sucesso profissional
Por Vera Giglio
O mercado de trabalho é muito competitivo. A rotatividade de cargos e atribuições gira tão rápido quanto um piscar de olhos, e a melhor maneira de acompanhar esse ritmo alucinado é estar sempre atualizado e bem informado sobre as novas tendências e estilos funcionais.

Para ficar por dentro do cenário atual, conversamos com o professor de MBA da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e diretor da Focus Consultoria, Miguel Feyo Noronha, que deu dicas importantes para quem quer e precisa começar a se atualizar e concorrer no mercado de trabalho.

O primeiro passo, segundo o professor, é saber o que você quer da vida. “Não adianta nada sair fazendo cursos de leques abrangentes que não foquem em um ponto determinado. O mercado não procura um currículo cheio de atividades, mas, sim, um currículo com atividades determinadas para a sua escolha profissional”, explica.

Ao sair da faculdade, nada de se aventurar em MBAs, que necessitam de uma experiência aprimorada do mercado para que o curso seja aproveitado e realizado de maneira correta. “O MBA é um curso que exige muito mais do aluno, requer que ele tenha vivido situações específicas para entender melhor o seu desenvolvimento. O ideal para quem acaba de sair da faculdade é uma Pós-Graduação, que apresenta uma carga horária leve, se comparada ao MBA, e um conteúdo que irá complementar o que a pessoa aprendeu durante o ensino superior”, observa Miguel.

Entre os 20 e 25 anos de idade, a carreira profissional está começando, e para quem quer investir no mercado empresarial, o ideal é se aventurar pelos processos seletivos de trainee, que pipocam todos os anos, proporcionando aos iniciantes boas oportunidades de conhecimento de mercado.

Já para quem passou dos 25 e ainda não chegou aos 30, a hora de compor o seu network é essa! Ele será sua lista de contatos importantes, ou seja, pessoas que possam ser influentes e significativas na sua vida profissional. “O network é extremamente primordial. Nessa idade, a indicação profissional é o que move a sua carreira. Saiba aproveitar as oportunidades e não tenha medo. Procure saber quem é o diretor ou responsável de determinada empresa que te interesse e dê um jeito de conhecê-lo. O boca-a-boca empresarial é muito usado e válido ultimamente”, alerta o diretor da empresa de consultoria.

Durante os cursos de especialização que você for fazer, lembre-se sempre de escolher instituições reconhecidas pelo mercado profissional, que causem impacto positivo no currículo, pois além de serem admiradas pelo conteúdo informativo e educacional, elas também são ótimas opções para aumentar a sua lista de contatos. “São instituições que atraem grandes profissionais de empresas importantes. Quem sabe não é lá que você fará o seu network funcionar”, completa o professor Miguel Feyo Noronha.

Miguel Feyo fala sobre o Netmovies

NetMovies: modelo inovador reinventa serviço de locadoras de filmes no Brasil

Locadora virtual oferece mais de 12 mil títulos entre filmes e séries em casa através de serviço sem multas por atraso e já planeja comercializar download este ano.

Por Thiago Terra, do Mundo do Marketing | 26/09/2008

thiago@mundodomarketing.com.br

NetMovies: modelo inovador reinventa serviço de locadoras de filmes no Brasil
Por Thiago Terra
thiago@mundodomarketing.com.br
Quando o clima está chuvoso e o fim de semana se aproxima parece que todas as pessoas pensam em alugar filmes e ficar em casa debaixo do edredom. Mas como fazer para ir até a locadora se você já está coberto até o pescoço? Há cerca de três anos o consumidor teria que sair de casa para buscar seu filme e lá se vai o aconchego da cama ou do sofá.
Desde 2006, quando entrou no mercado com força, a NetMovies está revolucionando o serviço de locadoras no Brasil depois de lançar o primeiro portal de filmes no país. Baseado em um modelo já existente nos Estados Unidos, a empresa entrega e busca os filmes sem limites de títulos, prazo para devolução, multas e nem fretes. Basta o consumidor escolher entre os diversos pacotes para ter acesso aos 12 mil títulos catalogados.
Com 500 mil locações só no ano passado, a empresa hoje pertence a uma holding e este ano desenvolveu pela primeira vez uma campanha de Marketing que está sendo veiculada na TV por assinatura, no rádio e em peças impressas. A empresa não quer apenas roubar a cena das locadoras, mas também fazer a sua estréia no mercado de download na internet.
Adaptação e boca-a-bocaA Netmovies se baseia no modelo da Netflix - empresa americana - porém, com aprimoramento do serviço de entrega. “Nos Estados Unidos a entrega é feita entre dois e quatro dias, aqui entregamos o filme um dia após o pedido”, diz Daniel Topel, CEO e sócio da NetMovies em entrevista ao Mundo do Marketing.
De acordo com Topel, a NetMovies começou a operar no Brasil em fevereiro de 2006, quando foi lançado o site junto com materiais impressos de divulgação. A empresa está presente no estado de São Paulo e nas capitais do Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais, além das cidades de Niterói, São Gonçalo, Baixada Santista e Campinas.
Desde que implantou o projeto a companhia mantém uma característica comum às empresas norte-americanas que é investir no boca-a-boca. “É com o boca-a-boca que a pessoa indica um site para os amigos. Acreditamos que os usuários gostam de falar sobre coisas diferentes”, conta.
Filme pelo celular e mídia de massaA elaboração dos pacotes para aluguel de filmes foi baseado no comportamento do consumidor que, após uma avaliação da NetMovies, percebeu-se que existem dois extremos neste comportamento. “Um dos perfis gosta de alugar filmes todos os dias, mas têm outros que preferem ver cinco filmes por mês”, explica o CEO da empresa.

Para se adaptar ao ambiente em que seus usuários “vivem”, a locadora virtual apostou no serviço de locação através do celular também. “A inovação não é no produto e nem no serviço, mas sim no modelo de negócio”, analisa Miguel Feyo, professor de marketing de pós-graduação e MBA da ESPM.

O NetMovies Mobile permite que os usuários agendem a troca de filmes e também incluir outros títulos no seu pedido. “O último resultado aponta que a NetMovies obteve 4% dos acessos aos seus serviços via mobile”, afirma Daniel Topel.
Este ano a NetMovies lança a primeira campanha nas mídias de massa. Baseado em humor, a empresa está com peças criadas para a TV a cabo, jornais e revistas, rádio e também para a internet. “A idéia é mostrar a frustração comum que acontece quando não achamos os filmes desejados nas locadoras. Mas tudo baseado no bom humor”, explica.
Investimento, concorrência e download
Percebendo a relevância do serviço oferecido pela NetMovies, a holding Ideiasnet inseriu a empresa em seu guarda-chuva, o que deu mais confiança e estabilidade para investir no negócio. “A Idéiasnet entrou com capital e hoje atuamos juntos na gestão da empresa, através de planejamento estratégico e com a experiência de alguns executivos da holding”, diz Topel.
Para o futuro, Daniel Topel adianta que a NetMovies pretende se desvincular da imagem de uma empresa que aluga DVDs e passar a atuar no mercado de filmes. “Pretendemos trabalhar com download legalizado de vídeos, que será pago pelo consumidor. Pretendemos lançar este serviço ainda este ano no Brasil e na América do Sul”, conta.
Sempre acompanhando a inovação, a concorrência ainda não surgiu no caminho da NetMovies, mas de acordo com Miguel Feyo, já é preciso construir barreiras de entrada para elas. “Disponibilidade de títulos, exclusividades e parceiras com distribuidoras, qualidade do serviço, pontualidade na entrega e uma boa logística são fatores que dificultam a expansão de concorrentes”, avalia.

Falar de download sem citar a pirataria é como ver um filme de ação sem a história do bandido e, de acordo com Topel, o final feliz dos mocinhos está garantido. “A pirataria atrapalha, porém nossos preços são bons e ainda entregamos em casa. Sai mais barato do que a pirataria, sem falar da qualidade”, completa.

INOVAÇÃO NO SETOR DE SERVIÇOS: UMA ÁREA ESQUECIDA NO BRASIL, ATÉ QUANDO?


INOVAÇÃO NO SETOR DE SERVIÇOS: UMA ÁREA ESQUECIDA NO BRASIL, ATÉ QUANDO?

O governo anunciou com toda popa e circunstância o plano Brasil Maior para aumentar a competitividade do setor industrial brasileiro. Necessário e importantíssimo. Antes de sair criticando suas falhas, como é o nosso padrão cultural (sempre mais fácil destruir do que criar), é de ressaltar o seu propósito, a sua direção e principalmente as bases na qual foi construído: inovação, áreas estratégicas, desoneração da folha de pagamentos e reforço do fluxo de caixa das empresas.
O setor de serviços representa mais de 65% do PIB no Brasil, 80% nos países desenvolvidos, 40% na China para termos bases de comparação. Nos países desenvolvidos 7 em cada empregos são criados no setor de serviços. No Brasil mais de 6 empregos são gerados pelas empresas de serviços.
É unanimidade entre os economistas que a atual pressão inflacionária tem sua origem no setor de serviços que vem aumentando seus preços de forma contínua e crescente nos últimos anos. Seja pelo repasse dos custos do aumento da mão-de-obra, seja pelo aumento da carga tributária, seja pelos preços administrados pelo governo (luz, água, telefonia, gás, pedágios, etc.).
As empresas de serviços herdaram os conceitos da revolução industrial e adotaram os modelos da indústria para moldar as suas estruturas e processos organizacionais. Entretanto, quando olhamos para as indústrias reconhecemos em suas estruturas as funções de engenharia de produto, engenharia de processos e áreas de pesquisa e desenvolvimento. Onde estão estas funções nas empresas de serviços?
É fácil entender porque o cidadão comum associa inovação à tecnologia, a produto, ao progresso tecnológico. O plano Brasil Maior foca na inovação tecnológica (apesar de podermos discutir se a área de software é indústria ou serviços).
É possível inovar na área de serviços? A resposta é sim! A pergunta correta é como inovar. De que maneira uma empresa de serviços inova? No estado atual do setor no Brasil, de uma forma genérica, é possível afirmar que as empresas de serviços inovam por meio de: a) empurradas pelas solicitações dos seus clientes; b) empurradas pelos fornecedores de tecnologia e; c) puxadas pelas inovações adotadas pelos os seus concorrentes. É possível depreender que as três possibilidades de inovação possuem uma característica em comum: todas são reativas! De forma geral, podemos afirmar que as empresas de serviços não possuem uma estratégia de inovação formal, organizada e estruturada. A inovação acontece de forma errática, por pressão, por obrigação.
As características distintivas do setor de serviço em relação à indústria (intangibilidade, inseparabilidade, perecibilidade e a variabilidade) não são suficientes para caracterizar essa ausência de inovação no setor. É possível utilizar uma visão integradora que agregue as lições já apreendidas pelo setor industrial e aplicá-las no setor de serviços. É fundamental que as empresas de serviços consideram a inovação como uma das estratégias fundamentais para a sua sobrevivência, para seu desenvolvimento, para o seu sucesso.
Definir quais os tipos e em quais dimensões pode se dar a inovação é o primeiro passo. Criar estruturas organizacionais formais e adotar modelos de desenvolvimento de novos serviços vem a seguir. Por fim, identificar os principais indicadores de medição para analisar, controlar e avaliar os resultados obtidos.
É urgente e necessário pensar em modelos de gestão da inovação para o setor de serviços. Modelos não faltam. Tanto os americanos como os europeus têm criado programas de incentivo a inovação nos últimos anos. Ano passado tivemos em Brasília o 1º Simpósio Internacional de Inovação em Serviços. Os setores de saúde (pela pressão da Agência Nacional de Saúde) têm realizado avanços significativos nesta área. As empresas de telefonia e o setor bancário também são exemplos de inovação em serviços (pela pressão concorrencial). Espaços dedicados à inovação em serviços estão sendo abertos e a área acadêmica brasileira começa a dar sinais de interesse pelo tema.

Com dez anos de experiência internacional na Europa, como diretor geral e consultor de negócios, o professor Miguel Armando é especialista em estratégia empresarial, governança corporativa, marketing estratégico, posicionamento competitivo e gestão do relacionamento com clientes (CRM). Além disso, Miguel é co-autor do livro CRM Customer Relationship Management Conceitos e Estratégias, professor MBA Marketing da ESPM doutorando em marketing e inovação pela Universidade Nove de Julho-SP/SP.

Mais do que um plano de comunicação: uma proposta de valor


Miguel Noronha Feyo, fala sobre os benefícios oferecidos aos clientes, além do produto. Ele afirma que é fundamental agregar serviços diferenciados e não obstáculos aos consumidores. Confira.

A maioria das pessoas relaciona a palavra marketing com propaganda, publicidade, comunicação. Nada mais errado e incompleto. Milhares de reais são desperdiçados em campanhas de divulgação sem nenhum retorno efetivo, sem resultados.

É importante compreender que a única entidade que traz receita para a empresa é o cliente. É o cliente que permite à empresa sobreviver, crescer, prosperar. Assim todo plano empresarial, seja financeiro, operacional ou de marketing, passa pelo cliente.

Entender as necessidades dos clientes é o início de qualquer plano. Por que o cliente compra do meu concorrente e não da minha empresa? Qual a nossa proposta de valor? Quais os benefícios que oferecemos? Quais são os custos que o cliente terá em fazer negócios com a nossa empresa?

Responda a essas questões e construa a sua proposta de valor. Crie uma solução, não um produto. Agregue serviços diferenciados e não obstáculos. Não ofereça preço, mas sim valor. Não informe apenas, crie mecanismos de diálogo. Entenda quem é o seu cliente. Conheça o seu concorrente e diferencie-se.

O que realmente a sua empresa vende? Remédio ou a cura; um quarto em um hotel ou uma experiência única; uma televisão ou entretenimento; um seguro de carro ou tranquilidade e serviços; um computador ou uma solução de trabalho; cosméticos ou esperança?

Entenda o que o seu cliente precisa, o que ele quer. Não venda produto, não venda preço. Ofereça algo inesperado, amplie a sua oferta. Adicione valor. Ofereça mais por menos. Seja mais rápido. Acrescente mais conveniência em fazer negócios com a sua empresa. Ofereça e construa uma plataforma de diálogo.

Faça da sua carteira de clientes o seu departamento de pesquisa e desenvolvimento. Torne o seu cliente um coprodutor de serviços e produtos customizados, personalizados. Não abandone seu cliente depois da venda. Desenvolva mecanismos de relacionamento.

Estruture uma base de dados que permita obter o histórico do relacionamento do cliente com a empresa, pergunte pelas suas preferências, crie uma espécie de árvore genealógica adicionando os familiares, os amigos. Desenvolva ações de comunicação com os clientes atuais. Só depois disso pense em obter novos clientes.

O plano de marketing deverá posicionar a diferenciação da sua empresa face aos concorrentes na mente e nos corações dos seus clientes. Os atuais clientes são os melhores vendedores da empresa. Inove sempre. Escute os clientes, os fornecedores, os colaboradores. Misture tudo isso com criatividade e exclusividade. Faça diferente.

Esse é o seu plano de marketing. Essa é a sua proposta de valor. Os clientes leais são os advogados da marca e divulgam a empresa porque gostam dela. Não é preciso gastar milhares de reais para construção de uma marca forte.

Imaginação, inovação e criatividade estão dentro da esfera de atuação da empresa. Use e abuse. Só depois disso pense em como promover e divulgar a sua empresa!


Miguel Noronha Feyo é professor do MBA e Pós-Graduação da ESPM.

Mais uma oportunidade perdida

O fim do regime militar e a transição para a "democracia" (?) ainda mantém sua estrutura básica. O concluio entre as partes para a manutenção da mesma ordem social. Sarney, Itamar e Fernando Cardoso são representantes de uma mesma ordem social para evitar que essa ordem social não se desmanche mantendo-a sólida. Essa mesma classe permite a introdução de um "operário" já devidamente domesticado que passa a imagem de que alguma modificação estaria em andamento. Nada mais ilusório. A presidência de Lula sepulta qualquer reação da sociedade.
As eleições de novembro irão manter esta situação de paralisia e continuar fazendo do Brasil um "futuro evitado e/ou adiado".
Não há em minhas palavras nenhuma vontade ou tentativa de revolução. Já estou muito velho para acreditar neste tipo de coisas. Mas não vejo em nenhum dos futuros candidatos a possibilidade de realizar as reformas necessárias para mudarmos o atual conjunto de valores, de idéias, ética que herdamos do período imperial e desta república que permanece velha, oligárquica, autoritária e monopolista.
A candidata do continuísmo não tem a mínima autoridade moral para fazer qualquer mudança. O candidato da oposição têm essa autoridade e dinamismo mas, em face, ao desafio que tem pela frente para sua eleição fará todo e qualquer tipo de acordo para realizá-lo. Ou seja, infelizmente, se for eleito já estará totalmente comprometido em manter a atual situação.
Teremos que esperar mais 8 anos para que esta classe política sentada no congresso nacional desapareça pela incomensurável vontade do tempo e que, esperemos, uma nova vontade política, livre dos atuais compromissos possa efetivamente se tornar uma força de mudança para aproveitar as excelente condições sociais e econômicas para, enfim, alavancar o Brasil para o futuro que merece.